No Brasil, quando o assunto é educação, ficamos sempre buscando novidades que possam nos ajudar a resolver nossas dificuldades e também ampliar nosso conhecimento. A experiência desenvolvida em Reggio Emilia não parece ser apenas um modismo. Quanto mais visitamos as escolas de lá ou estudamos o que é publicado sobre o assunto, mais queremos saber, mais desejamos aprofundar as informações sobre esta referência mundial no campo da primeira infância e também de formação docente. O que nos apaixona tanto?
Para situar quem ainda não conheceReggio Emilia é uma cidade situada ao norte da Itália, na região de Emilia Romagna. A proposta educacional de Reggio Emilia atinge um conjunto de 33 centros de crianças pequenas (nidi e scuole dell’infanzia), que são dirigidos diretamente pela municipalidade de Reggio Emilia.
Tudo começou com o fim da Segunda Guerra Mundial, em que a Itália saía derrotada e pobre de uma experiência devastadora. Foi quando a comunidade se mobilizou para transformar a cidade nos escombros com a determinação de fazer uma realidade melhor para suas crianças. A própria população se organizou no período do pós-guerra, por meio da solidariedade ativa dos cidadãos, como protagonistas de um projeto educativo e cultural verdadeiro. Assim, fizeram as escolas para que seus filhos pudessem estudar. Esta base de sua história traz um grande diferencial: nada estava pronto. Tudo foi criado, construído e valorizado. E o mais importante: este princípio não se perdeu ao longo do tempo.
Tudo ia se desenvolvendo com muitos estudos por parte dos educadores italianos, somados aos intercâmbios com intelectuais estrangeiros convidados. Até que, em 1991, a revista norte-americana Newsweek considerou a Escola Infantil Municipal Diana, de Reggio Emilia, a melhor instituição de Educação Infantil a nível mundial. Assim, o mundo olhou com atenção o que acontecia naquela região da Itália e uma infinidade de pesquisadores e professores estrangeiros foram conhecer e aprofundar suas pesquisas. O fluxo foi tão intenso (e ainda é até hoje), que foi necessário institucionalizar as visitas e pesquisas por meio da criação da Fundazione Reggio Children, uma empresa mista público-privada, criada em 1994, com o objetivo de gerir as iniciativas de intercâmbio educacional e cultural nas instituições de educação infantil de Reggio Emilia e o grande número de pesquisadores e educadores de todo o mundo.
A educação da escuta e do diálogoLoris Malaguzzi (1920 – 1994) é considerado o iniciador e o inspirador do que os italianos chamam de aventura educativa reggiana. Mais do que se preocupar em escrever tratados pedagógicos, optou por praticar a educação que acreditava. Pedagogo italiano, nascido em Correggio, por mais de cinquenta anos viveu, trabalhou, investigou e realizou experiências concretas em Reggio Emilia, cidade onde construiu sua obra que até hoje é estudada por todo mundo.
A abordagem educativa reggiana é identificada como a Pedagogia da Escuta, que tem suas bases nas ideias de Loris Malaguzzi, considerado um dos pensadores mais importantes do século XX. Inspira-se também nas teorias de Dewey, Vygotsky, Piaget, Brunner e Gardner, além de múltiplas correntes de pensamento da psicologia social, das teorias da complexidade e das neurociências.
A documentação pedagógica, as pesquisas cuidadosas realizadas com os alunos, a opção da arte e a criatividade são a base do trabalho educativo junto às crianças pequenas e que inspira experiências internacionais.
Por que nos encanta
As ideias de Malaguzzi geram uma fascinação nos educadores porque ele soube construir uma base teórica consistente ao mesmo tempo em que tinha uma capacidade de por tudo em dúvida e sempre se confrontando com a realidade. Tinha um enorme poder de pensar grande, de defender utopias sustentáveis, sem se limitar à educação escolar. Era comprometido com a cultura e com a participação comunitária.
As ideias de Malaguzzi geram uma fascinação nos educadores porque ele soube construir uma base teórica consistente ao mesmo tempo em que tinha uma capacidade de por tudo em dúvida e sempre se confrontando com a realidade. Tinha um enorme poder de pensar grande, de defender utopias sustentáveis, sem se limitar à educação escolar. Era comprometido com a cultura e com a participação comunitária.
Foram estas bases que permanecem ainda hoje e que se materializam em um trabalho pedagógico rico de experiências, em que se respeita os tempos de maturação e de desenvolvimento de cada criança. Uma pedagogia que não está prisioneira de certezas, que suporta erros. Uma pedagogia da liberdade e do respeito à criança, às famílias e à comunidade.
Reggio Emilia nos ensina a construir uma escola viva, que se transforma e que acredita que todos têm muito a aprender e também a compartilhar. É a escola que valoriza o trabalho cooperativo, respeita a criança e investe na formação continuada dos educadores. É o aprender a aprender sempre. É o verdadeiro e o essencial!
Para saber mais:
CEPPI, Giulio (org). Crianças, espaços, relações. Rio Grande do Sul. Editora Penso, 2013.
RABITTI, Giordana. À procura da dimensão perdida. Rio Grande
RINALDI, Carla. Diálogos com Reggio Emilia. São Paulo. Editora Paz e Terra, 2012. o Sul. Editora Artmed, 1999.
RINALDI, Carla. Diálogos com Reggio Emilia. São Paulo. Editora Paz e Terra, 2012. o Sul. Editora Artmed, 1999.
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